Título: Uma Luz Sobre a Noite
Autor: Paulo Pires do Vale, Rui Serra e Tomás Maia
Editora: Documenta
Tema: Arte
Estado: 5+
Língua: Português
Encadernação: Brochado
Ano: 2019
Páginas: 60
Dimensões: 17*24
Preço: 7,50 €
Obs. Apresentação de Ricardo Escarduça
A arte não transfigura a noite em dia; ela faz luz sobre a noite. O que
já é muito — mesmo se, para muitos, pode parecer pouco. Miséria da arte.
Mas miséria que alimenta a nossa fome negra.
«Uma Luz Sobre a Noite, de Paulo Pires do Vale e Tomás Maia, publicado
pela Documenta, é apresentado pelo Projecto Travessa da Ermida no
contexto do encerramento da exposição «Fome» de Rui Serra. O livro é o
corolário de um encontro a dois tempos entre os autores e o pintor,
iniciado em Abril de 2017 no âmbito da sua exposição Todas as Noites, no
Museu de Arte Contemporânea de Elvas (colecção António Cachola).»
Ricardo Escarduça, «Apresentação»
«— … se a Noite é «antiquíssima» — a Noite que nos faz falar —, não será
ela então e sempre o antiquíssimo em nós? Quando fazemos uma obra,
necessariamente trazida à luz, não estaremos assim a responder à Noite
e, ao mesmo tempo, não a chamaremos? Ser chamado e chamar pela Noite,
não será isso o que faz a obra dizendo ou ecoando Vem— «Vem, Noite
antiquíssima e idêntica»? E, no entanto, essa obra não mostrará também
que a Noite recua e se esquiva sempre, cada vez mais longínqua, mais
antiga?
— Sim, antiquíssima porque originante — e os mitos da criação sublinham
que antes da luz ou do dia, havia a noite: ela é o Anterior. Escuridão
que antecede o começo. […]»
Paulo Pires do Vale e Tomás Maia, «Diálogo
«De que fome se está a falar com este título — Fome? E quem pode falar da fome, e a que título?
Há pelo menos duas fomes, a do animal físico e a do animal metafísico. O
humano, se não vir saciada a primeira fome, não pode experienciar a
insaciabilidade da segunda. Leio Pascoaes:
Viver é ter fome! A vida é fome: fome de alma e de pão! Fome negra!
Seja de alma ou de pão, a fome é negra. E tal é a primeira experiência
desta exposição — que nos convida a entrar e a atravessar um negrume.
Travessia da qual não sairemos incólumes: seremos expulsos para ver, a
outra luz, a noite. Para rever a noite à luz da arte.»
Tomás Maia, «O Pão e a Alma»